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Devaneios de Miss L

06
Out21

FUGIU DO ESQUEMA || CAPÍTULO 1


Miss L

Olá Nossos Devanienses!

 

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Trinta anos depois...

 

Lurdes não tentou refazer a sua vida pessoal, mas sim dar mais importância ao seu trabalho. Não queria ter mais Filhos, nem que seja adoptado, pois não queria que ele tivesse o mesmo fim. Foi um trauma muito grande na sua vida, mas desistiu do apoio psicológico que tinha. Para ela não valia a pena, pois não trazia de volta a sua Filha. 

Lurdes tentava constantemente pensar na Filha como um pesadelo. Afirmava que isso a ajudava muito mais do que um Psicólogo. Estávamos na última semana de aulas da sua turma do terceiro ano. Lurdes sentia uum misto de tristeza e felicidade, visto que tinha pedido a reforma antecipada. Aquela era a sua turma especial e querida. Afirmava constantemente que foi a que mais gostou de trabalhar. Havia um menino de 8 anos que se destacava para a Professora, o Xavier. Ele tinha um talento nato para a escrita tal como ele. Para Lurdes era o Filho que ela merecia ter. Era completamente o oposto de Lúcia. Era o Filho perfeito para Lurdes. 

Xavier também gostava muito da Professora. Oferecia-lhe flores e fruta do seu quintal com uma grande alegria. Uns textos de vez em quando. Lurdes incentivava bastante o Xavier a escrever mais e mais. Afirmava que ele deveria treinar a escrita para não perder o seu talento. Xavier andava um pouco triste naquela semana. Ao sair, na Segunda-feira, Xavier disse à Professora que ia sentir muitas saudades dela. Ela negou dizendo que ele nunca ia sentir saudades dela. A criança não entendeu, mas estava com pressa para ir para casa, pois ia a pé. 

Lurdes voltou para casa, sem rotina. Nada tinha a sua espera, nem um gato felpudo. Havia pessoas que diziam que lhe fazia bem. Não queria, pois só imaginava, sabe-se lá como, o gato enforcado como aconteceu a Lúcia. Pousou as coisas na cadeira da entrada e deitou-se no sofá. Respirou fundo. Debalde. Levantou-se e foi para o seu quarto. Estava exausta. No quarto tinha na mesa-de-cabeceira, do lado esquerdo, um vaso com as flores secas e bem estimadas que Xavier lhe deu. Na primeira gaveta tinha uma pasta com os textos todos do menino. Só. Na gaveta seguinte não tinha nada.

Da outra mesa-de-cabeceira, pegou no seu chá, que prepara todas as manhãs, para o dia inteiro e bebeu todo o conteúdo da garrafa reutilizável. Pegou no seu livro de cabeceira "Velas acesas" de Charles Morgan e leu até o sono chegar, como fazia todas as noites.

"Velas acesas" era um livro sobre uma Família que, desde que se lembra, os seus entres queridos morreram no dia do seu aniversário. Sabiam que estavam condenados a morrerem no dia do seu aniversário, só não sabiam quando. Alguns, inclusive, morreram no dia em que nasceram. Mafalda, ao completar 18 anos, fugiu de casa e partiu para bem longe com o objectivo de fugir e esquecer essa maldição. 

Lurdes levantou-se para se arranjar para dormir, sem qualquer tipo de preocupações, pois já não tinha uma Filha para cuidar, nem um Marido, muito menos, um gato felpudo. Só ela e ela própria.

 

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